Intenso e Proibido

 Maria Antonia é uma mulher moderada.

Aos 30 anos, a professora de gramática é como outra qualquer: planeja suas aulas, dá suas aulas, corrige provas, lança notas e tem fantasias com um de seus alunos. Tudo bem. Talvez ela não seja exatamente como outra qualquer, mas, em sua defesa, Romeo Carvalho também não é um aluno como outro qualquer.

Em seu porte atlético, jeito de menino, rosto de homem, cabelos escuros e olhos azuis, a criatura é uma tentação travestida de colegial, sentada no fundo da sala, subindo e descendo aquelas bolas de gude pelas pernas de Maria Antonia, fixando-as em seus seios quando acha que ninguém está olhando, pendurando um sorriso provocador no canto da boca ao se certificar de que a professora sabe exatamente o que ele está fazendo e arruinando todas as calcinhas da pobre mulher sempre que ela é obrigada a pisar na sala da 3008-D, não importa se para uma aula de quarenta e cinco minutos ou de três horas.

Romeo é a provocação.
Romeo é tentação.
Romeo é proibido.

E, ainda assim, quando encontra um envelope preto com um cartão chave acompanhado de um bilhete rabiscado no dia do seu aniversário, a professora deseja com toda intensidade que há dentro de si que seja seu aluno o autor do convite.

Uma professora.
Um desejo intenso.
Um convite ao proibido.
Uma noite para se perder.